...frutos de noites calorentas e perturbadas. E, hora ou outra, de um copo d'água na madrugada.
Real-Ação
Um mU
Foto retirada da internet. Patrimônio do mundo. |
Acontece. Mas não deveria
Triângulo arredondado
Ele, você e nós três.
A indecisão, a falação, e a opção - talvez de felação -
e ai vem o desastre, o contraste e o não-mais-amar-te. (será mesmo?)
O usufruido, o iludido e o definido.
A ordem, menos importa!
Soneto de Orfeu - Vinícius de Moraes
Sonho meu
Senti que estava eu pela metade.
Estiquei o braço para alcançar-te
- feito nos meus sonhos -
E dei pela sua falta.
Não que você durma sempre comigo,
Mas esse querer é constante.
Porém, o cansaço
- não de ti -
Fez-me dormir rapidamente.
E fechando os olhos,
pude ver-te ao meu lado.
Estava sonhando...
Final
Inútil
Clareou!
Quando?!
De fora pra longe.
Uma amiga, uma saudade, uma admiração, uma perdição.
Eu-Cá
Ambos juntos.
Eu, o e s p a ç o , ela , a saudade e a vontade.
Preci-necessário
Preciso do Teu sorriso...
...da tua alegria
...da sua pele
...dos seus beijos
...da sua simplicidade,
Preciso de mim!
*Hoje, tenho-me só a mim!
Depois de Tanto Amor - Paulinho da Viola
É será melhor
Não procurar
Um novo amor
Até saber
Se o coração
Já se refez
É será melhor
Viver em paz
Eu amei estando só
Portanto a solidão
Não é demais
Se algum dia eu encontrar
Um novo amor
Hei de ter amor pra dar
Amor e paz
Por isso eu vou
Guardar meu peito
Até quando por direito
Este amor chegar
O mal.
O anseio ,
O primeiro beijo.
A carícia,
A pegada,
A malícia.
Mãos, lábios.
As tuas, os meus.
As minhas, os teus,
Entrelaçados num só ser.
E vem novos desejos,
Novos anseios,
E o decisivo beijo.
Mais mãos, mais lábios...e dedos e línguas.
Pedidos, palavras, gemidos.
O coito.
Ó amor!
Boboletras.
Alguns poucos quilômetros de distância.
Palavras aproximadoras.
Sentimentos que se fundem.
Nossas con-versas, rimas.
Ausencia - Pablo Neruda
Operário em Costrução - Vinícius de Moraes
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.
Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.
Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
Acontece
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece'.
Salve, salve mestre dos mestres. Salve a alma da música brasilieira, salve Angenor, o Anjo. Salve Cartola!
Flor e Espinho - Nelson Cavaquinho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca flor
Eu só errei quando juntei minh´alma à sua
O sol não pode viver perto lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos d´água
Eu na tua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em teu amor'
Esse é 'O' cara. Olha iiiissoooo.
http://www.youtube.com/watch?v=lFYDp0jhrhw
Amanda Amada Mandona
Pois a saudade é incômoda.
E eu vou.
Como o súdito
que obedece seu rei;
Como quem morre de súbito;
Como um fã que vê o ídolo.
Assim, do jeito qe eu gosto de você.
Aaaaaaaaaaah! manda?
Desencanto
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.'
Manoel Bandeira , 1912.
Duas pequenas palavras que caracterizam o teu ser. Tens a grandeza de um ‘MAR” e a simplicidade de uma ANA. Porém, essa tua grandeza não deveria ser chamada de MAR, pois este é pequeno comparado realmente com teu ‘tamanho’. E o ANA, ahhh! o ANA, nos remete a uma moça simples e ‘delicada’( tudo bem que nem sempre isso você é, podendo ver isso com os socos na boca do estômago) Deveríamos então trocar por ANO, fica mais apropriado. Manter-se-há a mesma simplicidade de antes.
Voltemos a questão do MAR e sua grandeza. Poderíamos substituí-los por Rio Nilo, Rio Amazonas, o que nos traria um sério problema de coerência, o que não pode deixar de fora ao falar de você. Retomando... que tal OCE-ANO ? Esta sim representa fielmente o ‘o tamanho’ do teu ser. E alude também teu temperamento, que varia, hora calmo e hora atormentado. E resolveria concomitantemente a questão do ANO. Sendo assim, posso chamar-lhe de OCEANO?
Ficara faltando algo
No momento de nossa despedida;
Não faltava no peito, pois nele tinha o sentimento
De estar vagando pelo espaço;
Não faltavam lágrimas
E nem braços para lhe dar.
Vontade de ficar, também não faltava;
Na verdade, não faltava nada.
Eu até tinha algo à mais:
Eu tinha 'perdido você'
Como-ção
Como-cer tão egoista?
Como-cer tão dominador?
Como-cer 'ser humano' ?
Eis a pergunta que não quer calar.